terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Escolas de Mediação

A revisão bibliográfica demonstra que são três os modelos mais utilizados nos países que praticam a mediação, ou seja, o Modelo de Harvard (tradicional linear), o Modelo Transformativo (Busch e Foger) e o Modelo Circular Narrativo (Sara Cobb).

De acordo com o Modelo de Harvard, a comunicação é entendida no sentido linear, centrada no verbal, importando o conteúdo. A função do mediador é ser um facilitador da comunicação. Esse modelo baseia-se numa causalidade linear do conflito, não levando em conta o contexto no qual esse conflito foi produzido, nem sua história.
É enfatizado o aspecto intrapsíquico, sem levar em conta o fator relacional.
Nesse modelo a mediação tem por objetivo diminuir as diferenças entre as partes, ou eliminá-las, eis que está centrado no acordo. Não há preocupação com a relação existente entre as partes e tampouco com a transformação dessa relação.

Em contrapartida, o Modelo Transformativo parte dos novos modelos comunicacionais e está centrado na relação interpessoal. Parte de uma concepção de causalidade circular do conflito, a qual pode levar a uma retroalimentação do mesmo. Não se estabelece uma relação linear entre causa e efeito do conflito. Esse modelo trabalha para alcançar, fundamentalmente, o desenvolvimento potencial de mudanças nas pessoas ao descobrir suas próprias habilidades, suas responsabilidades, e o reconhecimento do outro como parte do conflito. Tem por objetivo modificar a relação entre as partes, não importando se chegam ou não a um acordo. Não está centrado na chamada “ resolução” do conflito, mas sim na “transformação relacional”.

No modelo proposto por Sarah Cobb, a comunicação é entendida como um todo no qual estão incluídas duas ou mais pessoas e a mensagem que se
transmite. Inclui os elementos verbais (o conteúdo) e os para-verbais (corporais, gestuais, etc.). ao tomar a comunicação como um todo, as partes não podem não se comunicar. No entendimento de Suares (1977), não há uma causa única que produza um determinado resultado, mas sim uma causalidade circular, que permanentemente se retroalimenta.

Com o Modelo Circular Narrativo, busca-se fomentar a reflexão, mudar o significado da história e do conflito, possibilitando que as partes interajam de forma diferente, mudem o discurso e alcancem um acordo, ainda que essa não seja a meta fundamental.

Analisando os modelos acima referidos, Suares (1997) refere que não é o caso de considerar que um modelo seja melhor que o outro, mas que, dependendo da situação, um pode ser mais adequado que o outro.
Acredita, por exemplo, que o Modelo Tradicional de Harvard pode ser mais adequado para conflitos na área de empresas, enquanto o Modelo Transformativo é recomendado para todos os casos onde estão muito envolvidas as relações interpessoais. O Modelo Circular-Narrativo tem a vantagem de sua grande aplicabilidade, uma vez que está centrado tanto nas relações quanto nos acordos.

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